Antes de mais nada, devo dizer que comecei a escrever esse
texto no dia 22 de setembro de 2017, dois dias antes do primeiro jogo Fortaleza
e Tupi-MG válido pela Terceira Divisão do Campeonato Brasileiro de Futebol. No
final dessa crônica, você entenderá o porquê dessa revelação.
Talvez, o Fortaleza seja o clube mais envolvido em superstições
no futebol profissional brasileiro nos últimos anos. Muito devido às
eliminações nas quartas-de-final da Série C do Campeonato Brasileiro de
Futebol. O tricolor cearense figura nesta série desde 2010, tendo seu acesso
batido na trave pelos quatro vezes, no famigerado mata-mata.
Para quem não conhece como se dá o sistema classificatório
da Série C, aí vai uma explicação bem rápida. Os clubes são divididos, de acordo
com sua região de origem, em dois grupos com 10 times. Os quatro primeiros
colocados do Grupo A (formado por equipes das regiões Sul e Sudeste) disputam
por quatro vagas contra os quatro primeiros do Grupo B (formado por equipes das
regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste) num formato eliminatório, onde os dois
primeiros de cada grupo tem a vantagem de pegar os piores colocados do outro
grupo e fazer a partida decisiva em casa. Assim, temos a classificação decidida
numa quarta-de-final, onde os quatro times que conseguirem vencer o primeiro
“mata-mata” tem seu acesso garantido.
Pois bem, o Fortaleza conseguiu a classificação para as
quartas-de-final dos anos de 2012, 2014, 2015 e 2016 sempre na primeira posição
do Grupo B. Teoricamente, enfrentaria o mais fraco dos classificados da outra
chave. E em todos os “mata-mata” o Tricolor de Aço foi eliminado em casa e
sempre com o estádio abarrotado com sua torcida tão leal. O favoritismo de
decidir em casa, contra o quarto colocado do Grupo A nunca adiantou no caso
tricolor. E assim, só nos resta a seguinte dúvida: o que falta para o Tricolor
de Aço conseguir o acesso?”
Toinha pagando promessa após a classificação contra o Tupi em Juiz de Fora. Fonte: Esporte Interativo. |
Mesmo que existam explicações plausíveis para o insucesso tricolor, muitos torcedores apelam para
a superstição. É a roupa que não deu sorte, a promessa que não conseguiu
cumprir, o amigo azarado que vai para o estádio ou até mesmo o elenco de
jogadores que é pé frio. Esta última, foi a razão dada por um cronista
esportivo local. Vai entender?
Há,
também, aqueles que apelam para teorias da conspiração. Ano passado, após a
última desclassificação frente ao Juventude, enquanto estava na fila do caixa
eletrônico, ouvi a conversa de dois amigos sobre a eliminação tricolor, quando
um deles falou: “isso é culpa do canal que tem os direitos de transmissão da
Série C, eles fizeram um contrato com o Fortaleza de 10 anos. O Fortaleza tem
que passar 10 anos na terceira divisão”.
Felizmente, a teoria desse camarada estava errada. Sim, o
Fortaleza subiu para a Série B e não precisou dos 10 anos de contrato com o
canal de televisão. Muitos foram para o estádio com suas camisas da sorte que
sempre usam em jogos decisivos e com os mesmos amigos “pés frios” que sempre
estão juntos na arquibancada. Ah, e no time desse ano ainda têm alguns
jogadores remanescentes das eliminações anteriores. Superstição? Quanta
besteira!
Então por que deixei para postar esse texto apenas 13 dias depois da nossa classificação? A superstição me impediu.
Enquanto escrevia, lembrei que ano passado, um dia antes do “mata-mata”, postei
um texto sobre este jogo decisivo. Como torcedor, preferi esperar e não postar
antes do jogo desta vez. Vai que foi justamente o meu texto que não deu
sorte?
Não adianta, por mais que estejamos num mundo cada vez mais
racional e científico, no futebol sempre teremos espaço para os rituais, o
sagrado e o azar.
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