segunda-feira, 21 de novembro de 2016

A censura bate na trave

Nada como um belo domingo na capital paulista, palmeirenses em clima de título, famílias indo pro estádio, casais, idosos, crianças, tudo na mais perfeita harmonia. Não fosse mais uma medida completamente descabida e sem o mínimo de bom senso, que deixou o mundo da arquibancada abismado novamente, um pai que levou sua pequena palmeirense para assistir ao jogo foi barrado na entrada pela PM: a menina estava com o rosto pintado e foi impedida de entrar, pois tal pintura dificultaria sua identificação. O pai contornou a situação, lavou o rosto dela e entraram para ver a partida que poderia dar o título ao alviverde.
Criança censurada na porta do Allianz Parque

Sim, foi exatamente isso que você leu, uma menina de sete anos foi impedida de entrar no estádio sob o argumento de que isso dificultaria sua identificação. Claro que normas e orientações existem para serem cumpridas, mas este fato beira o ridículo e causa completa estranheza ao torcedor de bem. Não vimos tal rigor para que sejam identificados certos elementos que frequentam estádios por todo o país, infiltrados em torcidas organizadas, que promovem verdadeiras selvagerias e atos ilícitos nas arquibancadas, coagem torcedores, usam drogas, utilizam artefatos altamente nocivos, como bombas caseiras, armas brancas, e isso não é exclusividade do time A, B ou C. Já que não se acha uma solução, e os sujeitos responsáveis pela organização e segurança dos jogos claramente não entendem o ambiente que cerca uma partida, seja ela qual importância tiver, valendo ou não um título nacional, de um time gigante, um clássico ou o que seja, as medidas punem os justos, aquele torcedor que chega mais cedo ao estádio pra tomar uma cerveja, comer um churrasco e jogar conversa fora não pode mais fazer isso. Novamente o Allianz Parque é exemplo aqui, a PM resolveu isolar a área que cerca o estádio em dias de jogo do Palmeiras, só transitam pessoas com ingresso e moradores, se eu quiser ir antes do jogo para curtir o clima e ir embora não posso, tudo em nome da “segurança da sociedade”, se eu pretendo ir fantasiado, como costumávamos ver diversas vezes, ou com uma simples pintura no caso dessa garotinha e seu pai, também é proibido sob a batuta da “manutenção da ordem”.


O que mais faltam inventar para coibir a festa nas arquibancadas? É inadmissível que essas ações não visem punir os verdadeiros baderneiros e pilantras, que usam o estádio como palco para exibicionismos de covardia e violência, e o torcedor comum, que não tem condições de pagar planos de sócio para ele ou sua família, é afastado cada vez mais dos jogos preferindo o sossego de casa ou de um restaurante próximo a sua residência. Imagine você, que hoje ou daqui a alguns anos pretende levar seu filho ou filha para um jogo, resolve sair de casa animado com o dia que pode ser inesquecível para sua família, o começo de uma nova paixão pelo clube de coração, e se depara com uma situação absurda desta? Ser impedido de entrar porquê está usando um adereço do time, ou está caracterizado como o mascote, fantasiado ou algo que faça menção a festa. Fica aqui um sentimento não de raiva, mas de completa inércia e impotência sobre estas censuras ao direito de ir e vir que atingem o torcedor constantemente, e pasmem, medidas estas tomadas pelos manda chuvas do mundo da bola.

Essa é a cara deste que vos escreve

Denis Mourão, torcedor estupefado com as barbaridades que lê e vê, e o Vasco ainda por cima não colabora neste fim de ano. Até breve caro leitor. /+/

Nenhum comentário:

Postar um comentário